Faith (a chain of rings that belong to her), instalação na Livraria Assirio e Alvim. Video Guillaume de Oliveira. Música  de Jordi Savall para o filme Jeanne la Pucelle.

Cristina Filipe


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Faith (a chain of rings that belong to her)
Faith (a chain of rings that belong to her), resultante de um projecto investido de carácter humanista, lembra a necessidade de permanente questionamento, de agir, em cada situação desconhecida, aliando a consciência reflexiva e os desígnios. Ou recorda, simplesmente como usar o tempo e o espaço, se não formos constantemente confrontados com os seus limites?
Na sua forma final, Faith é um ‘monumento’ conceptualmente motivado: centra-se nos valores e nas relações humanas que a santa representa, deixando assim transparecer os vínculos sensíveis que ligam uma pessoa estranha a uma comunidade e os membros dessa comunidade entre si ou a uma ideia.
Cristina Filipe pediu que escrevessem uma palavra sobre Joana d’Arc. ‘Fé’, ‘Belo’, ‘Fogo’, ‘Força’, ‘Mulher’, ‘Sacrifício’, ‘Amor’, ‘Mal-entendido’, ‘Guerreira’ e ‘Santa’ – foram algumas das palavras. Vinte e oito pessoas participaram. A cada uma, foi tirada a medida do dedo anelar da mão esquerda. Foram feitos vinte e oito anéis com a gravação dessas mesmas palavras.
A intenção implícita nestes objectos é suficiente para os tornar num símbolo complexo. Joana d’Arc também usava um anel, uma dádiva do pai, que lhe foi tirado durante o julgamento.
Os vinte e oito anéis poderiam ser só um. As especificidades e os detalhes conceptuais só podem ser intuídos/percebidos em diferenças subtis, nas dimensões ou palavras gravadas. Se olharmos demoradamente um objecto, a atenção prolongada pode levar-nos a um estado em que a mudança e a permanência se encontram num justo equilíbrio.
Cristina Filipe acredita que o diálogo tem o poder de dar forma às coisas; acredita que, através de gestos simbólicos, algo pode ser devolvido a alguém privado de tudo.
Quando descansam, o anéis (tal como o Corpus durante a procissão da Páscoa) têm o seu lugar: estão cobertos com feltro macio, cor de terra e a prata, pálida e feminina, pousa protegida e quente. Os materiais são excluídos da encarnação – prosseguem, eternamente o que são: orgânicos, pêlo de animal, inorgânicos, prata pura e madeira. Apenas ganharam a forma, a mais simples, aquela que incorpora Joana d’Arc.
Excertos de Uma corrente de anéis que Lhe pertencem (A Aliança do Anel) in Faith
Katalin Aknai



Cristina Filpe / Faith (a chain of rings that belong to her)
Cristina Filpe / Faith (a chain of rings that belong to her) / Instalação na Igreja Santa Joana d’Arc em Farnham, Surrey, UK / Colecção MUDE – Museu do Design e da Moda, Lisboa
Cristina Filpe / Faith (a chain of rings that belong to her ) / Detalhe 2 aneis
Cristina Filpe / Faith (a chain of rings that belong to her ) / Detalhe 2 aneis / Prata e ouro / Colecção MUDE – Museu do Design e da Moda, Lisboa
Cristina Filpe / Mist233;rio 1 150; Ros225;rio 1
Cristina Filpe / Mistério 1 – Rosário 1 / Escova de cabelo e prata / Colecção MUDE – Museu do Design e da Moda, Lisboa
Cristina Filpe e C.B.Arag227;o / J243;ias Encontradas
Cristina Filpe e C.B.Aragão / Jóias Encontradas – Retrato de Clara com colar de ouro filigranado e esmalte da colecção de ourivesaria do Museu Nacional de Arte Antiga

Jóias Encontradas
Trabalho inserido no projecto|exposição Mais Perto – Intervenções a partir das Colecções do Museu Nacional de Arte Antiga no âmbito do X Simpósio Internacional de Joalharia Ars Ornata Europeana. Realizado em parceria com o fotógrafo C.B.Aragão.
Chamou-me a atenção as jóias da colecção. Jóias outrora usadas, pertenças de múltiplos possuidores e portadores das mesmas.
Agora  ali depositadas  e preservadas enquanto objectos museológicos.  
Interessou-me confrontá-las de novo com o corpo. Não num corpo qualquer, mas no corpo de quem as conhece, as vê no seu dia-a-dia, as estuda e as conserva – a equipa técnica do Museu. Foi surpreendente observar que não foram só as jóias que reanimaram, mas também as pessoas que se transformaram ao incorporar cada uma da jóias, ao escolhê-la pelas mais diversas razões.


Cristina Filipe
Nasceu em Lisboa, 22 Abril 1965.

Vive e trabalha em Lisboa. Expõe o seu trabalho desde 1986, que combina com a docência e curadoria de exposições.

Estudou Joalharia e Escultura no Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual (1983 / 95), na Academia Gerrit Rietveld com Onno Boekhoudt (1987/88) e no Royal College of Art  (1992).
Fez Mestrado no Surrey Institute of Art and Design (2000-2001).

Foi Bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian em 1987/88 e 2000/01; de James Kirkwood em 2000/01 e de Eduardo Trigo de Sousa em1999.

Assistiu à Pós – Graduação Culturas e Discursos Emergentes: da Crítica às Manifestações Artísticas na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas em Lisboa no âmbito do Forum “O Estado do Mundo” promovido pela Fundação Calouste Gulbenkian, 2006/07.

Docente no Departamento de Joalharia do Arco  desde 1988 e Responsável do sector desde 2003. Docente no Curso de Joalharia do ESAD - Escola Superior de Artes e Design entre 2001/07. Foi artista convidada e fez intercâmbio de docência com várias escolas na Inglaterra, Bélgica e Estónia.

Co-fundadora da PIN – Associação Portuguesa de Joalharia Contemporãnea e Presidente desde a sua fundação em 2004.

Participou em várias exposições, simpósios e workshops  nacionais e internacionais.Ganhou o Jungent Gestalt Prize (1989), o I Prémio no Concurso Jovens Criadores (1990) entre outros.

Representada em colecções públicas, nomeadamente no MUDE – Museu do Design e da Moda em Lisboa.

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